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por DW RIBATSKI

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O Dr Bruce Banner lentamente desperta, suor no travesseiro e lençol, suas roupas rasgadas e marcas de sangue. Suas mãos e pescoço machucados. Ele não se lembra o que aconteceu. Chama por sua esposa e filhos, não há ninguém em casa. A casa em si, um pandemônio, revirada, móveis e eletrodomésticos em frangalhos. O que terá acontecido? Ele não lembra de nada. Pega o telefone enquanto repete na sua cabeça “não fui eu, não fui eu, quem me conhece sabe, quem me conhece sabe…” Seu rosto repetido infinitamente numa mascara de plástico, a expressão de fúria incontrolável congelada, porém sem olhos, sem autoria, aguardando que alguém a coloque, a sociedade a fez, multiplicou-a atualmente já despreocupada em colorir a parte do cabelo de outra cor, importante é que a reprodução seja rápida, existem muitos, está acontecendo em todo lugar, a produção não pode parar.

 

Longe dali a situação é observada por outro vigilante. Bruce Wayne. Ele sabe o que é certo, ele é forte, ele fala diversas linguas, músculos, domina diversas linguagens científicas, conhece de vinhos, de culturas diversas, poucos no mundo tem tamanha finesse combinada com tamanha força e agilidade: ele tem que estar certo. Alguém precisa ser o homem que o mundo precisa e decidir questões complexas como o certo e o errado. 

 

Dentro de fábricas gigantes em tamanho bíblico, em espaços minúsculos absolutamente e tão somente funcionais funciona a vida daqueles que fabricam com plástico e outros materiais tóxicos toda sorte de beleza artificial e multiplicidade de lindas cores do universo. Trabalham amplamente satisfeitos pois sabem que em milhões de lugares existem crianças sendo protegidas pelas figuras oníricas recriadas sistematicamente a cada segundo aqui. Algumas serão alegres e inocentes e outras representando a morte e o horror, mas em comum todas elas terão a alegria que geram, afinal é um mundo insonso e superficial: a alegria e a tristeza e o horror podem ser igualmente irrelevantes desde que você olhe rapidamente e só dê atenção aos seus sentidos básicos: fome, sono, um desejo sexual brando. Um remedio pode ajudar, uma comida superprocessada ultra sanilificada ou açúcarada pode ajudar, um amor confuso que acesse alguma memoria machucada da infância. O importante é que não se pare, a produtividade deve ser constante.

☻ por END-PERMIAN

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